sábado, 14 de março de 2009

Códigos, Jargões a Abreviaturas




Gente!!!

Eu tenho uma espinha de peixe cravada na garganta há tempos!!! Lembram daquele comercial de TV que mostrava um trabalhador que convivia há anos com uma abelha zunindo dentro do ouvido? Pois é... O objetivo de usar a linguagem conotativa da propaganda era incitar o povo a refletir sobre a consciência do voto. O meu, é sobre o comportamento humano.

Comportamento humano, mais propriamente dito, relacionado à comunicação - ou da maneira oculta que se forja a comunicação. Ou da falta de comunicação. Entendam como quiserem! O fato é que hoje decidi arrancar essa espinha da garganta a qualquer custo! E lembro perfeitamente dos Engenheiros do Hawaii, que embalaram minha adolescência com várias canções, dentre elas: "Toda Forma de Poder". E atire a primeira espinha para dentro da garganta, quem nunca repetiu o famoso refrão: "Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada...ié, ié!" Pois é. Gente que diz tudo e não diz nada. Quando assisto o CQC (Custe o que Custar), vejo isso se repetir um monte. E além disso, em nosso cotidiano, quem nunca ficou se sentindo um peixe fora d'água ou a própria espinha do peixe ao tentar se comunicar com pessoas que só utilizam jargões, metáforas ou pior: linguagem codificada para se comunicar? Sabe quando você busca por uma informação para esclarecer suas dúvidas e tem a nítida sensação que após estabelecer algum tipo de contato com a fonte que possa lhe informar,sente uma espécie de frustração, do tipo: "Acho que sou meio lesado, não compreendo o que dizem" ou ainda, volta para casa, com mais dúvidas ainda do que quando foi buscar as ditas informações? Respire aliviado: você não está sozinho!

Quando tinha 9 anos e estava na 4ª série, lembro de um texto que trazia uma mensagem dessas. Não lembro quem era o autor, até porque faz muitos anos,mas uma passagem do texto, dizia: "...as pessoas não gostam de confessar-se ignorantes, mesmo em relação às coisas mais corriqueiras". Olha o nível de leitura aos 9 anos de idade! Não, eu não era tão CDF (nem vou traduzir!) assim, mas fazia parte de um sistema educacional que mais lembrava o clip do Pink Floyd (Another Brick in the wall). Mas eu sobrevivi. Claro que com algumas cicatrizes e sequelas, mas prometi a mim mesma que quando me tornasse professora, agiria de maneira diferente com meus alunos. Às vezes, atingimos um patamar intelectual que nos faz abstrair o pensamento - se ignorasse essa realidade, seria hipócrita - mas sempre deixei bem claro que o que não entendessesm, questionassem. E melhor: que criassem seu próprio glossário no caderno para registrar novos vocábulos. O que quero dizer, é que existem pessoas que A-D-O-R-A-M submeter os outros às humilhações de não entender o que gostariam ou deveriam entender. São os chamados egoístas que fazem questão de reter as informações para si. E fico P... da vida quando me deparo com esse tipo de situação.

Acho graça de jargões próprios da profissão. Isso é muito comum entre médicos que não querem que o paciente saiba o grau de problema que o envolve. Usam os termos técnicos porque sabem que não irão entender. E quando questionam sobre o que isso significa, ouvem mais uma porção de termos técnicos e desistem de fazer mais perguntas. Calam, não por sanar suas dúvidas, mas pelo constrangimento em não entendê-las.No funcionalismo público, não é diferente: é bem pior! Você só se comunica por códigos. Conforme DOE, conforme DOU. (DOE: Diário Oficial do Estado; DOU: Diário Oficial da União). Não pensou em besteira, né? Isso é só um exemplo. Tem muito mais. E os termos técnicos estrangeiros que já se incorporaram ao nosso vocabulário? Qual é o seu entendimento sobre case, feedback, lobby, know-how e etc? Pois é... tem que ler muito para entender o contexto, se não, corre o sério risco de ser considerado um analfabeto contemporâneo. E por aí vai.

Não entendeu ainda? Nem eu. Mas veja pelo lado positivo: você não está só. Não estamos. Mas confesso: consegui "cuspir" para fora a maldita espinha de peixe que estava entalada na garganta.