sábado, 10 de janeiro de 2009

Relembrando a fábula da Galinha Ruiva

Em um daqueles momentos informais, eu e uma amiga estávamos em um bate-papo, quando começamos a divagar sobre um fato acontecido e veio à tona uma fábula infantil, a "Fábula da Galinha Ruiva". Para quem não sabe, fábulas são historinhas infantis que trazem animais como personagens, vivendo situações típicas dos seres humanos. E essa, em especial, conta o seguinte episódio: "Um belo dia, a galinha ruiva achou um grãozinho de trigo e resolveu plantá-lo. Pediu a ajuda de outros animais - que considerava amigos seus - para executar o serviço, mas nenhum deles se habilitou a ajudá-la; ao contrário, todos estavam ocupados demais para ajudá-la ou alegaram qualquer desculpa para justificar sua indisponibilidade. Decidida a executar a tarefa, ela mesma plantou, colheu, debulhou e moeu os grãos e transformou-os em farinha, até amassar o pão e assá-lo. Depois de pronto, os outros animais farejaram o agradável aroma de pão recém tirado do forno e foram reivindicar suas fatias, ao que a galinha (que não era boba nem nada!) respondeu: - Fiz todo o processo sozinha e, agora, depois de pronto, vocês acham que merecem algo? Não darei nenhuma fatia, comerei o pão inteirinho sozinha!"
Para muitos, a história pode parecer um exemplo de egoísmo absoluto, mas penso que foi um exemplo de justiça e merecimento. Muitas vezes, pessoas que dão o máximo de si em suas tarefas abdicam de seu tempo livre para fazer aquilo que muitos acham chato e estafante ( o ônus que todo trabalho realizado com afinco produz). Se o resultado supera as expectativas, sempre aparece alguém querendo reivindicar sua fatia, julgando-se merecedor também. Quando as pessoas tomam para si o trabalho realizado por outros, é muito fácil tomar para si idéias, projetos e trabalhos que dependeram de sacrifícios, esforço, dedicação e experiência... Penso que uma sociedade se faz digna e justa quando reconhece o valor e empenho das pessoas que trabalham para fazer a diferença, não visando apenas o seu próprio bem estar, mas apresentando propostas relevantes que sejam benéficas aos demais. Além disso, os louros devem ser concedidos a quem de fato se empenha em fazer aquilo que ninguém mais faz, pois é muito fácil, como diz o adágio popular: "Depois de batizar-se a criança é que sempre aparecem os padrinhos".
Que essa reflexão possa nos fazer pensar mais sobre nossas atitudes e sobre o reconhecimento justo das pessoas que merecem.
Sejamos Gente, Seres Humanos de verdade, sem agir como os animais da fábula. Se quisermos reconhecimento, que façamos por merecer e deixemos a vaidade de lado e creditemos sucesso a quem de fato merece, da mesma forma que, quando auxiliados em alguma tarefa, sejamos justos ao ponto de reconhecer que juntos nos tornamos mais fortes e ofereçamos, gentilmente, 'uma fatia do pão'.
Minha amiga encerrou nossa conversa dizendo que resta o consolo de que enquanto se está sob a vista e se é copiado ou invejado, é sinal de que se está um passo à frente em relação às competências, o que significa servir de modelo para os outros, pois na verdade nada se cria, tudo se copia. E eu acrescentei: - não podemos deixar de creditar que a expressão mencionada é do cientista Antoine-Laurente Lavoisier: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma" (definindo, assim, a famosa lei de conservação da matéria em relação às reações químicas) e que mais tarde foi adaptada por Chacrinha, irreverente apresentador de tv nos anos 80, quando ao avaliar a expressão da química, que nada se cria e tudo se transforma, dizia que na televisão nada se transforma, pois o intéprete (apresentador) é eterno na mente dos telespectadores. Isso significa que também ao fazer a análise (ou crítica) em relação ao comportamento de algumas pessoas que não possuem originalidade, também refletimos cuidadosamente sobre as palavras e expressões criadas por alguns e creditadas a outros. E ficamos com o mérito único e exclusivo do que fazemos, como também dividimos o que se cria em conjunto. E tenho dito!