quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Imortal

O que é imortal?
Não, não me refiro à música de Celine Dion, tediosamente traduzida na versão dos irmãos Sandy e Júnior, mas especificamente referindo-me aos ídolos que se transformam em verdadeiros mitos e que se tornam imortais na medida em que despertam o interesse e curiosidade das pessoas.
Ouso referir-me aos ídolos como mito por se tratar, amparada na definição de Joseph Campbell - famoso estudioso norte-americano de mitologia e religião comparativa - para usar o determinado termo.Para ele, "a definição de mito está relacionada a necessidade que os seres humanos têm em comum. Segundo Campbell, eles são histórias da nossa vida, da nossa busca da verdade, da busca do sentido de estarmos vivos. Os mitos são pistas para as potencialidades espirituais da vida humana, daquilo que somos capazes de conhecer e experimentar interiormente. O mito é o relato, a experiência da vida. Eles ensinam que nós podemos voltar-nos para dentro". Dessa maneira (e para não fugir dessa reflexão que faço em relacionar os ídolos e o conceito de mito no mesmo contexto), relaciono as duas concepções para justificar (ou tentar entender) essa associação. A mistura de solidão,fundo musical emotivo, cerveja e cigarro funcionam como ingredientes ativos para tal tarefa, até mesmo capazes de ocasionar uma combustão de idéias presas no inconsciente e que eclodem conforme a necessidade de exteriorizá-las.
Impressionante que tenha se convencionado entre as pessoas que o conceito de mito - em relação ao objeto de divagação - esteja relacionado à mentes que produziram efeito impactante sobre determinados grupos, quer seja por "osmose", quer seja pelo despertar de opiniões adormecidas (empaticamente falando). O mais incrível é que, ao relacionar determinados ídolos de gerações, percebo que muitos já se encontram 'in memoriam':Bob Marley, Martin Luther King,Che Guevara, Elis Regina, Renato Russo, Cazuza, Raul Seixas e, até mesmo, os irreverentes Mamonas Assassinas. Gente que não teve medo de se expor, de dizer o que pensava, dar o seu recado de uma maneira bem genuína. Ao seu modo. Infelizmente, muitos não foram exemplos primorosos a serem seguidos, por sua forma displicente ou até mesmo radical de ser, ao estilo marginalizado perante os valores impostos pela sociedade. Mesmo assim, seus nomes permanecem imortalizados e sua influência se faz tão notória que sobrevivem até os dias de hoje. O que impressiona é que muitas dessas brilhantes mentes não sobreviveram por muito tempo entre nós. A dúvida que permanece é se, de fato, eram tão especiais que tinham prazo determinado para nos ensinarem algo que nos tornasse melhores em nossas essências, se não suportaram estar à frente de seu tempo ou se o desgosto em não revolucionar o pensamento humano fizeram-lhes desistir da vida e cair em profunda depressão, ocasionando assim, suas mortes prematuras. É claro que ainda existem bons nomes e mentes fenomenais entre nós, mas não se sabe se por resistência ou convencionalismos, tornam-se ícones só mesmo 'pós-mortis'. E deixam de ter seus valores reconhecidos, ainda em vida.
Por tudo isso acima descrito, concluo que imortalidade e mito são conceitos relativos e que todos os que são capazes de desafiar conceitos pré-estabelecidos pela maioria, fazem a diferença e tornam-se mitos, exemplos a serem seguidos e reconhecidos 'in vita' . E não me refiro a suas particularidades, mas às suas idéias para que saibamos entender o sentido de nossas próprias existências e tornar o mundo em que vivemos um lugar mais digno de se viver, desprovido de hipocrisias, medos e egoísmos... O fim se faz igual para todos e cabe a nós decidirmos que legado queremos deixar quando chegar nossa vez - mito? insignificância diante de tudo? Fique à vontade para escolher!