segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

COSMOPOLITA

Dar a volta ao mundo e conhecer diversas culturas - e incorporá-las a sua própria cultura - é uma necessidade urgente de um cosmopolita. E não por status ou consumismo, mas pura e simplesmente pela intenção de unificar o pensamento humano através de uma visão global: de que somos cidadãos do mundo e não pertencentes a uma única pátria. Não, não estou voltando as costas ao nosso querido Brasil - brasileiro, muito menos incorporando um discurso estoico em relação à humanidade, mas acho que todos somos seres humanos, oriundos do mesmo cosmos que nos rege. Tampouco pretendo instaurar um discurso político acerca de posição político-partidária - sinceramente, nem filiada a partido político sou. Tudo o que defendo é que extendamos nosso olhar aos outros países e que vivamos uma integração com eles, um mundo sem fronteiras. Viajo muito através do pensamento e da leitura, e juro que adoraria despertar o mesmo senso crítico dos cidadãos que são indiferentes às questões sociais e que se consideram protegidos em sua zona de conforto. Assistem incrédulos aos acontecimentos trágicos do mundo, questionam-se a respeito dos rumos que a humanidade toma, mas permanecem de braços cruzados, acumulando bens para si próprios e esquecendo-se dos menos favorecidos, justificando que nada podem fazer a respeito ( e conformam-se com a ausência de respostas que estão bem diante de seus olhos). Bertold Brecht já dizia que o pior analfabeto que existe é o analfabeto político, que ignora que a origem de todos os males existentes advém justamente de sua incipiência acerca dos fatos, cujo curso trágico fatalmente se encaminha para um desfecho insolúvel.E não me refiro a dar dinheiro ao menor carente que mendiga nos semáforos ou nas portas de supermercados e restaurantes, ou participar de chás beneficentes em prol dos menos favorecidos. Acho que o conceito de política nos envolve mais do que de fato gostaríamos, pois mexe diretamente no bolso dos 'cidadãos'. Enquanto uma minoria se esforça e "dá a mão à palmatória" para defender os direitos inerentes a todos, a maioria só está mesmo preocupada com seu próprio bem estar. São cidadãos de si mesmos.Viajam para o exterior compelidos por um desejo absurdo de ostentação imposto por uma sociedade consumista, a qual fazem questão de participar. Esse é o grande valor a que atribuem a mediocridade de suas vidas: o high society. Não se envolvem profundamente no âmago da questão social. Todo e qualquer fedback que possuem refere-se à aceitação nos clubes sociais em que tanto lutam para pertencerem. Prefiro ser low profile. Nossa integração com o mundo não se limita ao uso dos estrangeirismos que propositalmente usei aqui com a finalidade de provocar. Um dos momentos mais emocionantes que tive o privilégio de viver em minha vida foi do Fórum Mundial de Educação e Fórum Social Mundial. Vi cidadãos de diversos países e localidades, com seus trajes típicos e culturas diversificadas, reunirem-se preocupados com o futuro da humanidade, em busca do diálogo e da compreensão mútua para juntos encontrarem alternativas e soluções para que sejamos mais sensíveis às dores do mundo e, consequentemente, a nós mesmos. Cosmopolitas - cidadãos do mundo. Alguns com recursos para ultrapassarem barreiras e conhecerem outras culturas de corpo presente. Outros, oniscientes, realizando viagens ao redor do mundo sem nunca ter posto o pé pra fora do país, mas todos conectados por um mesmo ideal: promoção da vida humana, sociedade fraterna, justa e igualitária para todos.