Sempre fui avessa às perfeições. Não que deixasse de sonhar, no imaginário infantil, em dormir simples mortal e acordar no estilo boneca "Barbie": sim, perfeita na embalagem: rosto milimétricamente perfeito, cabelos longos, louros e sedosos e corpo escultural. Mas achava uma chatice parecer não ter conteúdo. Aliás, basta observar: vivemos em uma sociedade que valoriza muito mais o ter do que ser : vale mais ter dinheiro, status, beleza exterior. E quanto ao ser? É privilégio de poucos. Poucos que se importam com o conteúdo.
Isso acontece desde os tempos mais remotos. Sim, dependendo da Era, sempre existiram estereótipos: durante o renascimento foi o estilo mais rechonchudo que se aproximava do ideal de beleza (quem dera voltássemos nessa época!). Símbolo de beleza e saúde estavam vinculados à gordura, indicativo de fartura, formas generosamente arredondadas (basta analisar as obras de Da Vinci, Michelangelo e outros mestres da arte renascentista, no apogeu do sèculo XVI). Anos mais tarde, foi a vez da Twiggy, renomada top model britânica, no estilo anoréxica, a fazer sucesso na década de 60 como símbolo de beleza, contrapondo-se a estilos mais voluptosos (até porque paralelo ao tecido adiposo, surgem doenças oportunistas como obesidade mórbida, hipertensão e outros males). E, finalmente, o padrão de beleza dos tempos atuais: a torturante imagem da gaúcha Gisele Bündchen, com tudo no lugar. Claro que acharia maravilhoso retocar algumas imperfeições estéticas para me sentir melhor. Não porque os padrões de estética ditam, mas porque como toda mulher, sempre acho que podemos melhorar um pouquinho...mas acima da vaidade feminina sobre a própria estética, ainda prefiro buscar aperfeiçoamento através dos estudos e da formação continuada. Isso sim o tempo não destrói, não deteriora nem pede retoques, apesar de que sempre teremos o compromisso de buscar mais aprimoramentos para não pararmos no tempo.
Ainda sou fã da boneca Barbie. Claro que já deixei de brincar há muito tempo, mas ela tem encantado gerações e é incrível o fascínio que consegue exercer sobre nós do sexo feminino! Mesmo assim, Barbies na vida real não existem. Ao menos original de fábrica, "in natura". Admiro muito mais o conteúdo do que a forma. E como todos sabem, boneca é brinquedo. Não tem opinião.